Como colocar a água no centro da economia circular

O atual modelo econômico linear baseado no ‘pegue-use-descarte’ gera pressões insustentáveis sobre recursos como água, energia, materiais e alimentos.

O avanço de iniciativas de economia circular é essencial para o alívio dessas pressões. Essa é conclusão de um documento da empresa francesa Veolia, que opera nos setores de água, resíduos e energia.

O estudo “Água no Centro da Economia Circular” parte dos riscos da contínua urbanização da sociedade. A expectativa é que os cerca de 3,2 bilhões de pessoas na classe média no planeta saltem para 4,9 bilhões em 2030.

Este crescimento populacional tende a ser agravado pelos impactos das mudanças climáticas, o que levará a pressões insustentáveis ​​sobre os recursos existentes. 

Daí, a necessidade de se criar uma estrutura resiliente e restauradora baseada em economia circular. A ideia é trabalhar com um mecanismo de transição entre o modelo atual e o desejado.  

Um estudo Fórum Econômico Mundial e da consultoria McKinsey calcula que a economia circular reduziria as necessidades de matérias-primas da União Europeia entre 17% a 24%. Ao mesmo tempo, isso poderia gerar entre 1,4 milhão e 2,8 milhões de empregos.

Água

A água é considerada crítica para a economia circular que está tomando forma. Mas o sucesso disso exigirá mudanças de atitude tanto de indivíduos como de organizações e empresas 

Esse recurso é considerado como renovável, mas está distribuído de forma muito desigual e cada vez mais escassa no planeta.

Acredita-se que em 2030, quase metade da população mundial viverá em condições de severo estresse hídrico. E menos de 5% de toda a água é reutilizada globalmente.

Soluções desse tipo vão desde o gerenciamento integrado de recursos hídricos até a reutilização de águas residuais. Essa reutilização aumenta a produtividade da água captada, especialmente na agricultura. A ideia é obter “mais safras por gota”. 

Outra ideia nesse sentido é a mineração de resíduos para transformá-los em uma nova fonte de materiais ou de energia. É o caso da metanização de resíduos e fluxos de águas residuais da indústria de alimentos e bebidas. Também é possível realizar o processo na indústria de mineração.

Petróleo e gás

A Veolia utiliza esses princípios de economia circular em suas operações de petróleo e gás. 

Quase metade de toda a gasolina produzida nas refinarias dos EUA usa um catalisador de ácido fluorídrico na fabricação. Esse ácido é neutralizado com o uso de hidróxido de potássio. O material resultante costuma ser descartado como resíduo perigoso. 

A Veolia desenvolveu soluções para reutilizar esse KOH residual como matéria-prima para reutilização nas refinarias. Além de evitar o descarte na natureza, o processo gera redução de energia gasta.

Sugestões

A empresa francesa listou algumas medidas que municípios e empresas podem realizar em conjunto para criar e compartilhar valor na economia circular:

  1. Identificar possíveis sinergias entre produtores e usuários municipais e industriais de recursos (água, energia, materiais recuperados). O objetivo é maximizar a reciclagem e o reaproveitamento local, além de reduzir a dependência de importações;
  2. No plano local (industrial ou municipal, por exemplo), garantir a melhor recuperação possível de materiais, água e energia;
  3. No nível de uso final, reduzir o consumo de matérias-primas, água e energia, incentivando uma abordagem de “cidadão inteligente”. Deve ser buscada a incorporação de soluções de TI para controle e otimização em tempo real. Essa estratégia inclui a comunicação com as partes interessadas. E assim preencher as lacunas entre municípios, fábricas, cidadãos e serviços ambientais. 

Esse conteúdo foi publicado originalmente em: VEOLIA

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