Sabe-se que a agricultura é uma das atividades que mais emitem dióxido de carbono (CO2) e gases de efeito estufa (GEE). Portanto, ela possui grandes obstáculos e desafios para contribuir com a redução do aquecimento global. Isso porque, basicamente, o sistema de pastagem faz a retirada das árvores e, por consequência, o ecossistema que sofreu a retirada se desequilibra.
Além disso, o sistema de monocultura na agricultura exige muito do recurso hídrico, contribuindo para a seca e aumentando a pegada hídrica. Sem falar que o uso de pesticidas e agrotóxicos contra pragas, pode também afugentar insetos polinizadores e até matá-los, bem como outros danos ao lençol freático e à saúde, conforme evidências científicas.
Assim, as empresas de atividade agrícola precisam ter estratégias sustentáveis para, no mínimo, compensar a pegada de carbono decorrente das suas emissões, como também, a pegada hídrica decorrente do processo de monocultura. Vale lembrar, é necessário fazer o reequilíbrio do ecossistema – decorrente da retirada das árvores (flora) e afugentamento das espécies (fauna) – decorrente do impacto direto da atividade agrícola.
Mais de duzentos anos de trajetória versus a emergência climática
É o caso do grupo Bunge, que se encaixa no perfil acima descrito. Segundo o seu relatório de sustentabilidade (2022), o grupo tem como foco principal nas áreas de crescimento de sustentabilidade, a eficiência da sua capacidade de processamento e originação de matéria-prima, como a produção renovável delas, o aumento do portfólio de lipídios vegetais e o desenvolvimento de novos ingredientes à base de proteína vegetal. Tais medidas demandam menos pegada ecológica, de um modo geral.
A título de informação, o grupo foi fundado em 1818 e, desde então, atua no setor de fabricação de alimentos. De lá para cá, a companhia cresceu e está presente em mais de 40 países, com 340 instalações e conta com 22,7 mil colaboradores. Segundo o seu relatório, a Bunge é “o número 1 em processador de oleaginosas do mundo por capacidade de volume de esmagamento” e o “principal produtor e fornecedor de rações, óleos especiais e gorduras vegetais”.
Para que um grupo do tamanho da Bunge consiga ao menos compensar a sua pegada ecológica, ele precisa ir além das principais áreas de crescimento da sustentabilidade. Portanto, o grupo também a traz na sua cadeia de valor, desde a origem da matéria-prima, à sua produção, os produtos em si, a logística e, por fim, seus clientes e consumidores finais.
Assim, a Bunge firmou um compromisso de “Não Desmatamento”, que busca estar livre de desmatamento e de conversão de vegetação nativa em suas cadeias de valor até 2025. Além disso, o compromisso é a parte central de estratégia e planejamento e é um elemento crucial do seu plano de ação climática. Para tanto, o grupo aposta na agricultura sustentável, em tecnologias inovadoras e na recompensa aos agricultores que contribuem com o compromisso.
“Não Desmatamento”, entenda como (e se) é possível
A Bunge promove o “Não Desmatamento” em dois dos seus segmentos de plantios: soja na América do Sul e palma no sudeste asiático. De modo geral, em ambos os continentes se deve atender aos seguintes objetivos até 2025:
- Acabar com o desmatamento nas cadeias de suprimentos;
- Concentrar esforços em áreas onde o desmatamento é um risco maior;
- Incentivar a compra de produtos certificados;
- Aplicar ao fornecimento direto e indireto;
- Alcançar 100% de rastreabilidade e monitoramento em fazendas e plantações;
- Envolver a cadeia de suprimentos para ampliar a ambição e criar padrões comuns.
Especificamente, na América do Sul, os objetivos são no sentido de, até 2025:
- Aplicar o compromisso a toda a conversão de vegetação nativa nas geografias relevantes;
- Proteger a Amazônia cumprindo a Moratória da Soja;
- envolver-se diretamente com os agricultores para promover nosso compromisso e agricultura sustentável;
- Fornecer ferramentas e incentivos inovadores aos agricultores que permitam a expansão sustentável;
- Oferecer a tecnologia de rastreabilidade e monitoramento para revendas;
- Buscar remuneração para os agricultores por seus esforços de conservação.
Paralelamente, na Ásia, os objetivos até 2025, são:
- Adquirir o óleo de palma de fornecedores com compromissos de NDPE;
- Trabalhar para alcançar total rastreabilidade até a plantação;
- Instruir pequenos agricultores sobre práticas de cultivo sustentável;
- Apoiar os esforços de biodiversidade por meio de parcerias e projetos;
- Envolver-se com os públicos de interesse para eliminar os desafios relacionados aos direitos humanos e à exploração.
Como se viu, o grupo Bunge tem essas iniciativas, mas não para por aí. Vale a pena conferir outras iniciativas para frear a mudança climática em contextos de ODS distintos, a partir da consulta do seu Relatório de sustentabilidade de 2022. Assim, é possível acompanhar a estratégia do grupo que, desde o século XIX, atua na área de alimentos agrícolas e vem buscando metas sustentáveis, a partir de programas como o “Não Desmatamento”.
De modo geral, pode-se dizer que a Bunge tem a sua estratégia sustentável em harmonia com a Agenda 2030 e seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Especialmente, que o grupo se preocupa com o foco do ODS 15 – proteção da vida na terra, seja a fauna ou a flora –, a fim de compensar a pegada ecológica gerada pela sua atividade econômica, que se estende ao longo de séculos. .
Palavras-chave: agricultura, monocultura, grupo Bunge, ODS 15, vida na terra, desmatamento, mudança climática, América do Sul, soja, Ásia, palma.
Texto Baseado no Relatório Global de Sustentabilidade 2023