Apesar de abrigar 12% de toda água doce do mundo, o Brasil não consegue levar esse recurso para toda a sua população. Segundo dados do Sistema de Informações de Saneamento (SNIS 2019), o melhor resultado em termos de distribuição ocorre no Sudeste, com 91,1% de atendimento com rede de água. Enquanto isso, na região Norte a cobertura chega a apenas 57,5%. Um artigo no blog da concessionária BRK Ambiental, lista os principais problemas e entraves para que esses números melhorem. Perdas de água, construções irregulares e má distribuição dos recursos se destacam entre os desafios a serem enfrentados.
Segundo o SNIS, o sistema de distribuição nacional perde cerca de 39% da água potável antes de chegar às torneiras da população. Ou seja, a cada 1.000 litros de água tratada, 390 litros são desperdiçados. Entre as causas desse problema estão fatores como erros de medição, ligações clandestinas e não cadastradas e os vazamentos na rede.
Segundo a BRK, as empresas de saneamento têm investido em tecnologias para reduzir essas perdas, como a instalação de sensores capazes de detectar vazamentos. Isso proporciona mais facilidade de gerenciamento de toda a rede de maneira remota, antecipando possíveis problemas.
A empresa também lembra que entre os principais desafios para a universalização do acesso à água tratada estão as áreas com construções irregulares. Nesses locais, por conta da legislação brasileira, os serviços de abastecimento não conseguem chegar. São moradias que muitas vezes estão construídas em áreas de proteção ambiental, portanto sem condições adequadas para receberem as obras necessárias para atendimento dos serviços de saneamento.
Nesses locais, existe tanto uma dificuldade técnica quanto um alto custo de investimento para o serviço de abastecimento legal, por conta do difícil acesso e dos riscos de deslizamentos de terra e enchentes.
Há também o desafio da má distribuição dos recursos. A região Norte, por exemplo, abriga a maior parte dos recursos hídricos do país, mas é o local com menor densidade demográfica do Brasil. Outro agravante próprio de um país com dimensões continentais é a diversidade de situações climáticas. Existem, por exemplo, inúmeros rios intermitentes ou temporários, especialmente na região Nordeste, que oferecem água apenas em períodos de chuvas. Quando chega a época da estiagem ou a seca, eles desaparecem temporariamente.
A BRK Ambiental lista uma série de caminhos a serem percorridos na busca por soluções para esses desafios. Desde 2003, o antigo Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (hoje denominado Ministério da Cidadania) tem financiado a construção de cisternas em regiões rurais e precárias, que sofrem com extensos períodos de estiagem ou com a falta regular de água — especialmente no região do semiárido do país.
Nesse modelo, a água é captada da chuva e direcionada, por meio de calhas nos telhados das casas, para cisternas com capacidade média de 16 mil litros. Lá ela fica armazenada para ser bombeada para o consumo, atendendo necessidades básicas como beber, cozinhar e preparar alimentos. Nesse modelo, a água passa por filtragem e o reservatório fica coberto, o que impede a contaminação causada pelos mais diversos fatores. A empresa alerta que, sem um sistema adequado como esse, a água da chuva não deve ser utilizada para consumo humano.
Outra solução é a utilização de água de reuso. Nesse caso, o esgoto gerado em casas e indústrias passa por um tratamento, deixando a água com qualidade para ser empregada em diversas atividades, como lavagens de garagens e pátios, irrigação e resfriamento de peças. Embora alguns países utilizem a água de reuso para o abastecimento da população, é necessário um tratamento específico e avançado para propiciar esse uso para o consumo humano.
Por fim, a empresa cita os investimentos para a ampliação do abastecimento. As concessionárias de saneamento básico, como a BRK Ambiental, têm potencializado seus investimentos a cada ano, não somente na ampliação da rede para garantir a universalização do acesso, mas em tecnologias que permitem elevar a qualidade dos serviços prestados e reduzir perdas.
Conteúdo publicado originalmente em: BRK Ambiental