Os conceitos de “cidade inteligente” e “cidade verde” não podem ser separados e devem coexistir no desenvolvimento das áreas urbanas.
A “cidade inteligente”, por exemplo, é aquela na qual o uso de tecnologia da informação atinge um certo nível que agiliza toda a gestão pública. Ao mesmo tempo, proporciona aos residentes maior comodidade.
Já a “cidade verde” consegue minimizar as emissões de carbono e reorganiza sua infraestrutura de modo sustentável. Assim, a ajusta o estilo de vida dos moradores às exigências dos novos tempos.
A ONG alemã Heinrich-Böll-Stiftung (hbs) analisou a experiência da Coreia do Sul na busca de uma estratégia conjunta desses dois conceitos.
Histórico
Não é segredo que a Coreia do Sul fez uma aposta nas últimas décadas de usar o avanço tecnológico e digital como principal estratégia de desenvolvimento econômico.
Isso começou na década de 1980. Nos anos 2000, o país já era uma potência em tecnologia da informação.
Desde 2007, por exemplo, o plano “U-City Master Plan”, jogou as fichas na tecnologia onipresente.
O acesso à internet foi universalizado, oferecido em qualquer lugar e por meio de qualquer dispositivo.
Transição Verde
As políticas internas de desenvolvimento econômico passaram por uma transformação a partir de 2008. Naquele ano, um novo governo apresentou uma iniciativa de “crescimento verde” na agenda política.
O objetivo original da nova diretriz era reduzir as emissões de carbono, preservar os recursos naturais, investir em energia renovável e aumentar a eficiência energética.
O U-City ajudou nessa transição, criando uma cidade inteligente no estilo coreano que combinava recursos inteligentes e verdes para o crescimento econômico.
Distrito Songdo
O Songdo International Business District, localizado em Incheon, foi construído como um modelo de cidade inteligente nesse estilo.
O distrito foi totalmente planejado e construído em um terreno recuperado do Mar Amarelo. Parte da Zona Franca de Incheon, a área foi alinhada à política de crescimento verde do governo e assim tornou-se uma cidade inteligente e verde.
Uma característica fundamental do distrito é a busca pela eficiência energética. O local está equipado, por exemplo, com postes e luzes de LED para caminhadas, fontes de energia solar, aquecimento e arrefecimento geotérmico e instalações de armazenamento de água da chuva.
Além disso, possui vias dedicadas ao transporte ecologicamente correto, como as bicicletas, e um sistema automático de coleta e destinação de resíduos.
Esse novo conceito atraiu desde cedo diversos participantes. Ainda em construção, recebeu a atenção de empresas, escolas, universidades e institutos de pesquisa. E também de residentes nacionais e estrangeiros.
Pesquisa
A ONG hbs decidiu fazer uma pesquisa para saber como os cidadãos sul-coreanos identificam uma cidade “verde”. O objetivo era saber se a estratégia adotada em Songdo era bem percebida pela população local.
Mais da metade dos pesquisados afirmaram que os parques e espaços naturais são os mais importantes para que uma cidade seja “verde”.
Enquanto isso, apenas 7,4% disseram que os painéis solares e as fontes de energia renováveis tinham mais relevância.
A maioria absoluta (81,5%) também afirmou esperar encontrar mais parques e espaços abertos numa cidade “verde”. Apenas 34% se mostraram preocupados com a priorização de recursos de energia renovável.
Para os pesquisadores, isso significa que talvez os cidadãos não vejam as energias renováveis como uma atividade verde. Eles sugerem que deve ser introduzida alguma iniciativa desse tipo que seja diretamente ligada à vida dos cidadãos.
Ou seja, o estudo propõe que é necessário trazer os cidadãos para o centro das decisões em novos projetos urbanos. Com isso, seria necessário abandonar a política de tomada de decisões de cima para baixo.
A pesquisa concluiu que o sucesso ou o fracasso dos serviços públicos depende de quão precisas são identificadas e atendidas as necessidades individuais.
Em Songdo, tanto as iniciativas inteligentes quanto as iniciativas verdes refletiram exatamente o que o governo queria e pretendia.
No entanto, elas não correspondem ao entendimento dos residentes de uma cidade verde.
Esse conteúdo foi publicado originalmente em: HEINRICH-BÖLL-STIFTUNG