A empresa WATER Labs, co-fundada por dois cientistas pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT) criou o iThrone, uma privada que literalmente transforma os dejetos em vapor.
A alternativa mais limpa às latrinas padrão foi lançada com sucesso em 2020 em Uganda, com resultados animadores quando se pensa no seu aproveitamento em países de baixa renda.
Basicamente, o iThrone é um banheiro sem descarga que pode ser colocado em qualquer local e que funciona sem a necessidade de energia externa.
A WATER Labs patenteou uma membrana respirável instalada nos vasos que transforma em vapor o componente de água dos dejetos humanos. Isso reduz os resíduos em 95%, simplificando também sua coleta.
A CEO e cofundadora Diana Yousef, afirma que isso permite a coleta de lixo uma ou duas vezes por mês, em vez de todos os dias. O que contribui também para a economia do saneamento distribuído em comunidades de poucos recursos. “Essencialmente, estamos transformando dejetos humanos em água molecular limpa, e o que sobra é coletado com muito menos frequência e a um custo muito menor”, diz Yousef.
Ela diz que os iThrones provaram ser seguros, com odor mínimo e nenhum vazamento, mostrando que eles podem ser colocados perto de áreas densamente povoadas.
Aumentar a escala
O uso em maior escala dessa inovação pode trazer grandes resultados na qualidade de vida das comunidades em todo o mundo. Segundo a empresa, metade da população mundial não tem acesso a banheiros que gerenciem de forma segura os dejetos humanos.
Mulheres e crianças arcam com o maior impacto disso. Uma criança morre a cada 15 segundos de doenças relacionadas à água, como diarréia e cólera. Além disso, mulheres e meninas sem banheiro privativo perto de casa são suscetíveis a altos índices de violência sexual.
O ganho também pode vir da maior equidade na educação. Globalmente, 45% das escolas não têm banheiros adequados. Essa é uma das razões pelas quais 20% das meninas abandonam a escola quando começam a menstruar.
O projeto-piloto da WATER Labs começou numa clínica neonatal em Uganda e os novos banheiros estavam sendo usados por cerca de 400 pessoas por semana antes de o projeto ser interrompido pela crise da covid 19.
Mesmo com a interrupção, a empresa recebeu financiamento da Fundação Bill e Melinda Gates, do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas e do governo turco para instalar seus banheiros em comunidades de refugiados na Turquia ainda neste ano.
Empresas privadas também já manifestaram interesse, incluindo duas grandes empreiteiras de construção que projetam colocar o iThrones em casas de baixa renda na América Central. Outras duas empresas indianas têm planos de instalar os novos vasos em sanitários portáteis e em equipamentos de transportes.
Yousef diz que o interesse é indicativo da grande necessidade global e da demanda reprimida por melhores opções de saneamento. “Precisamos de novas soluções que contenham e eliminem os dejetos humanos. Ao mesmo tempo, que reduzam a quantidade de água consumida, evitando a poluição. Nós resolvemos tudo isso.”
Esse conteúdo foi publicado originalmente em: MIT