Israel é uma referência mundial em tecnologias de tratamento e reúso de água. E o Brasil pode aprender muito com isso, defende em artigo para a Época Negócios Renato Ochman, presidente da Câmara de Comércio Brasil-Israel.
Sendo um país pequeno, com praticamente todo seu território em solo desértico mas banhado pelo mar, Israel teve que inovar para garantir água potável para a população e para a irrigação.
Os exemplos citados vão desde dessalinização, irrigação por gotejamento, controle de vazamentos superinteligentes com algoritmos e até uso de satélites. A ideia é que praticamente nenhuma gota deve ser perdida.
Irrigação por Gotejamento
O presidente da Câmara lembra que a inovação mais conhecida de Israel em relação ao uso de água é a irrigação por gotejamento. Ela foi desenvolvida originalmente em um kibutz na década de 1960.
O sucesso da técnica rendeu reputação internacional a Israel. Hoje, o país detém 80% das exportações de produtos relacionados às tecnologias de irrigação, como gotejamento, válvulas automáticas, controladores e filtração automática, entre outros.
Dessalinização
Outra técnica do país que ganhou destaque mundial é a dessalinização. Muito associada à água do mar, ela também se aplica ao esgoto, tornando a água novamente potável e própria para o consumo.
O método é similar nos dois casos, o que muda é a quantidade de energia empenhada e o tipo de membrana usada na filtragem.
A água dessalinizada em Israel responde por 75% do consumo doméstico. Na agricultura, cerca de 50% da água utilizada é resultado de tratamento de esgoto para geração de água de reúso.
Empresas Públicas e Privadas
O uso da água é uma prioridade do governo israelense e tem atraído também cada vez mais empresas.
Na esfera pública, o Israel New Tech, por exemplo, é um programa nacional criado especificamente para esse fim e é dedicado à promoção da indústria local. Ele é liderado pelo Ministério da Economia e associado a demais agências governamentais.
Seu propósito é apoiar a pesquisa acadêmica, fomentar o mercado local e ajudar as empresas israelenses a se projetarem globalmente.
Do lado privado, os desafios que a escassez de água representa para o planeta são um chamariz para startups e empreendedores.
Um dos exemplos mais conhecidos é a TakaDu, que foi apelidada pela mídia internacional como “ninja d´água”. Sua solução, baseada em inteligência artificial, reduz o desperdício de água em 30% em redes de abastecimento.
Isso se dá graças a um software que monitora e gerencia a distribuição da água por meio de um fluxo contínuo de dados, armazenados na nuvem.
Esses dados são processados por sofisticados algoritmos estatísticos, o que permite detectar rapidamente anomalias na rede de distribuição. O sistema também oferece pistas de quais podem ser as causas das ineficiências
.Esse conteúdo foi publicado originalmente em: Época Negócios
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