Atualmente, 80% das águas residuais do mundo são despejadas no meio ambiente sem qualquer tipo de tratamento, com todos os agentes patógenos que carregam.
O tratamento dessas águas para reutilização e a recuperação do lodo produzido para gerar biogás e extrair os elementos fertilizantes (como nitrogênio e fósforo) são formas de rentabilizar as instalações necessárias.
Cada vez mais, os países estão despertando para essa realidade e desenvolvendo projetos nesse sentido. Com a pressão demográfica, do meio ambiente e climática, esta via pode ser ampliada
Windhoek, capital da Namíbia, produz sua água potável desde os anos 1960. Singapura também é um dos líderes no tema.
A França acaba de lançar um projeto para levar até 2024 água potável a Vendée, um distrito localizado a oeste do país. É o primeiro projeto do tipo na Europa.
O projeto anunciado na França em julho de 2021 será desenvolvido na margem do oceano em uma região muito dependente das águas superficiais.
As águas residuais serão submetidas a duas etapas de filtração e, depois, a duas etapas de desinfecção, antes de passarem para um reservatório.
Os franceses não usavam essa técnica há 15 anos, mas repensaram suas estratégias devido ao estresse hídrico que ameaça o país. Nos últimos dois anos, 90% da população sofreu com os efeitos da seca.
Obstáculo Psicológico
Especialistas acreditam que existe um “obstáculo psicológico” sobre o tratamento de água residual. Mas que não há uma necessidade local de buscar a potabilidade dessa água.
Trata-se, por exemplo, de reciclar a água para a agricultura, para a indústria, a refrigeração das centrais elétricas, entre outros destinos.
“O uso da água é uma questão emocional”, afirma Antoine Frérot, diretor-geral do grupo francês de gestão de água Veolia.
“Trata-se de desafiar ideias ancestrais, e temos que levar um tempo para convencer as pessoas de que a água que já foi utilizada uma vez pode ser reutilizada sem perigo”, completa.
Especialistas lembram do exemplo dos astronautas da Estação Espacial Internacional, que bebem a mesma água, reciclada muitas vezes.
Também há questões econômicas e financeiras a serem consideradas. Tratar as águas residuais custa cinco vezes mais do que tratar a água dos rios. Uma das maneiras de financiar isso pode ser a extração de minerais no processo. Segundo a ONU, o fósforo pode satisfazer entre 20% e 30% da demanda de fertilizantes.
Esse conteúdo foi publicado originalmente em: UOL