Apenas quatro cidades brasileiras, todas paulistas (Piracicaba, Hortolândia, São Caetano do Sul e Birigui) atingiram em 2021 a nota máxima no ranking de acesso ao saneamento básico. A informação está no mais recente Ranking Abes da Universalização do Saneamento, estudo que identifica o quão próximos os municípios estão do atendimento de 100% de sua população em relação aos indicadores abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto, e coleta e destinação adequada de resíduos sólidos.
O estudo deste ano (ano base 2019) da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, em parceria com a consultoria Archipelago, abrangeu 1.670 cidades, incluindo todas as capitais, que agregam aproximadamente 70% da população do país.
Os municípios que apresentaram as informações para o cálculo dos indicadores que compõem o ranking são classificados em quatro categorias de acordo com a pontuação total obtida pela soma do desempenho de cada um dos. A pontuação máxima possível é de 500 pontos, atingida quando o município alcança 100% em todos os cinco índices. O ranking avalia o percentual de pessoas atendidas pelos serviços de abastecimento de água, coleta de esgoto e de resíduos sólidos, além de aferir o quanto de esgoto recebe tratamento e se os resíduos recebem destinação adequada.
Cidades com pontuação acima de 489,00 são classificadas como as que estão “rumo à universalização”, enquanto os municípios que pontuam entre 450,00 e 489,00 são considerados como os que têm “compromisso com a universalização. Entre 200,00 e 449,99, as cidades são classificadas como as com “empenho para universalização” e as que pontuam abaixo de 200,00 ainda estão nos “primeiros passos para a universalização.
Categoria intermediária prevalece
De acordo com essa classificação, a maior parte dos municípios ranqueados (1.106) pertencem à categoria intermediária “empenho para a universalização”, que representa 66% do total. Outras 15,15% das cidades (253) estão numa categoria acima, as que estão em “compromisso” com essas práticas e 192 (11,50% do total) ainda estão dando seus “primeiros passos”. Ou seja, apenas 119 cidades, ou 7,13% da amostra estão no “rumo” da universalização.
A categoria de pontuação mais alta (“rumo à universalização”) possui os melhores indicadores em todos os serviços. A pontuação média da categoria, para os municípios de portes pequeno e médio (até 100 mil habitantes), é de 495,26 pontos. Somente 82 municípios do país alcançaram esse score dentre as cidades desses portes.
Na categoria abaixo (“compromisso com a universalização”), o serviço menor pontuado é a coleta de esgoto (88,64%). A média desta categoria é de 470,92 pontos. Em “empenho para a universalização”, o serviço menos presente é o tratamento de esgoto (51,64%). E em “primeiros passos para a universalização”, apenas 7,01% dos resíduos sólidos produzidos por esses municípios recebem destinação adequada.
Na ranking das capitais, apenas Curitiba se colocou na categoria mais alta, atingindo uma pontuação de 499,99. Outras 11 cidades ficaram na faixa abaixo, do “compromisso” (Brasília, Goiânia, Belo Horizonte, São Paulo João Pessoa, Vitória, Rio de Janeiro, Palmas, Salvador, Campo Grande e Porto Alegre), com pontuações entre 486,46 e 455,80. A última colocada entre as capitais foi Porto Velho, com 137,06 pontos.
As quatro cidades do interior paulista e do ABC citadas destacadas no estudo conseguiram 500,00 pontos e lideram o ranking e as 19 primeiras colocadas são de São Paulo ou do Paraná. Aas mineiras Uberlândia e Uberaba aparecem, respectivamente na 20ª e 21ª posições. A primeira cidade fluminense a figurar no ranking é Niterói, no 25º posto, enquanto o Balneário Camboriú (SC) está na 27ª posição.
Em seu relatório, a Abes destaca que a crise sanitária impõe aos municípios desafios sem precedentes e que o menor acesso à água, saneamento e higiene criam as condições ideais para a disseminação do coronavírus e de outras doenças, principalmente àquelas relacionadas ao saneamento ambiental inadequado.
O relatório Water Under Fire, publicado em 2019 pela UNICEF constata que, mesmo em países afetados por conflitos prolongados, crianças menores de 15 anos têm, em média, quase três vezes mais chances de morrer de doenças diarreicas causadas pela falta de água potável, saneamento e higiene do que por violência direta. No caso das crianças com menos de 5 anos, a situação é ainda mais grave: a probabilidade de morrer pelas mesmas razões sobe para 20 vezes.
Conteúdo publicado originalmente em: ABES