O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) lançou em março a Water Security for All (Segurança Hídrica para Todos), iniciativa global para garantir que todas as crianças tenham acesso a serviços de água sustentáveis e resilientes ao clima. O projeto pretende impulsionar a busca por recursos globais, parcerias, medidas de inovação e respostas a locais onde forem identificadas vulnerabilidades no acesso à água, saneamento e serviços de higiene seguros.
Pela última análise feita pela organização, algo em torno de 1,42 bilhão de pessoas no mundo, incluindo 450 milhões de crianças, vivem em áreas onde a vulnerabilidade da água é alta ou extremamente alta. Isso significa que 1 em cada 5 crianças do planeta não tem água suficiente para atender às necessidades diárias.
As áreas consideradas sob risco de escassez física de água ou que tem níveis insatisfatórios de serviços de abastecimento são comunidades dependentes de água de superfície, com fontes não melhoradas ou que fiquem distantes mais de 30 minutos das casas.
Pelo relatório do UNICEF, crianças em mais de 80 países vivem nessas áreas onde a vulnerabilidade da água é considerada alta ou extremamente alta. Mais da metade (58%) das crianças que vivem na África Oriental e Meridional enfrentam essa dificuldade de acesso a água suficiente todos os dias. A proporção na África Ocidental e Central chega a 31%, enquanto a vulnerabilidade atinge 25% das crianças no Sul da Ásia e 23% no Oriente Médio. Em números absolutos, no entanto, o Sul da Ásia lidera a estatística negativa, com mais de 155 milhões de crianças vulneráveis.
O UNICEF considera que há 37 países onde existem “pontos vulneráveis” e com circunstâncias especialmente terríveis em termos de números absolutos e proporção de crianças afetadas e sugere que os recursos globais e as ações urgentes de apoio devem ser direcionados para esses lugares. A lista inclui Afeganistão, Burkina Faso, Etiópia, Haiti, Índia, Quênia, Níger, Nigéria, Paquistão, Papua Nova Guiné, Sudão, Tanzânia e Iêmen.
Para a diretora executiva do UNICEF, Henrietta Fore, a crise global da água não está por vir, ela já chegou, e as mudanças climáticas só devem contribuir para piorar a situação. “As crianças são as maiores vítimas. Quando os poços secam, são as crianças que faltam à escola para buscar água. Quando as secas reduzem o suprimento de alimentos, as crianças sofrem de desnutrição e crescimento retardado. Quando há inundações, as crianças contraem doenças transmitidas pela água. E quando os recursos hídricos diminuem, as crianças não conseguem lavar as mãos para lutar contra as doenças”, afirmou.
Pelos cálculos da organização, fatores como a demanda por água em alta, rápido crescimento populacional, urbanização, o uso e gestão inadequados dos recursos e eventos climáticos extremos vão continuar a contribuir para o estresse hídrico. De nada for feito, a vulnerabilidade alta vai atingir uma em cada quatro crianças até 2040.
Entre os objetivos da iniciativa “Segurança Hídrica para Todos” estão o acesso a serviços sustentáveis de água potável e com gestão profissional; serviços de saneamento e higiene resilientes aos choques climáticos, operando com fontes de energia de baixo carbono; apoio às comunidades para uma gestão equitativa desses serviços, melhorando coesão social; e prevenção a ataques à infraestrutura e pessoal encarregado de água e saneamento em zonas de conflito.
Conteúdo publicado originalmente em: UNICEF